Sunday 28 February 2010

Os sons da nossa cabeça

Ele foi uma das pessoas influentes na minha vida e na forma como me mostrou o outro lado, o pensamento e o respeito pelo outro. Ensinou-me, sem a inevitável atitude paternalista, muito sobre as relações humanas. E ainda me deixou entrar numa nesga do seu mundo fechado, isolado em muralhas invisíveis. Que sorte ter tido acesso a isso. Um dia, em conversa, contou-me que, anos depois de regressar da guerra - para onde foi voluntário - continuava a sentir o peito acelerar ao som dum helicóptero. Só descansava quando o via, explicou-me. O meu som, inexplicável, que me faz saltar da cadeira muitos anos depois é um determinado acelerar de motor. Vindo de outras guerras, é certo, mas entranhado da mesma forma.

No comments:

Post a Comment