Wednesday 24 February 2010

O Bom, o Mau e... o jornalista

Já me tinham falado no Victor, que tem 9 anos e andava, entre destroços, à procura do mealheiro, com 129 euros, para ajudar o pai a reconstruir a casa que a ribeira levou... e o facto de me terem falado nisto é por si só sintomático de que o trabalho do jornalista foi bem feito - informou e deixou a mensagem nas pessoas. E, face a tanta "informação" sobre a tragédia, conseguir que os telespectadores fixem uma determinada notícia é um feito. Vi-a há pouco. E sim, Pedro Coelho vai buscar à cartilha o mais básico (e, neste caso, bem feito), do jornalismo: contar uma história. Tornar as pessoas reais. O Victor não tem mais tragédia do que outros madeirenses, nem mais prejuízo, nem nada que o particularize. Mas é um miúdo o que, por si só, comove. E depois, ao contar-nos essa banalidade e impossibilidade aparente, Pedro Coelho muda tudo. O Victor passa a ter nome, rosto e, mais que tudo, passa a ser o nosso vizinho, o primo, o irmão. O Victor é um de nós e perdeu tudo e isso é muito mais do que números de mortos. Isso é jornalismo eficaz.
PS - O jornalista, diz a definição, é o tipo que corre para o sítio de onde todos os outros estão a fugir.

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