Wednesday 8 September 2010

Serenidade

Admiro-a desde que a conheci. Foi numa festa da empresa onde ambas trabalhávamos: eu a tirar o meu curso e a colaborar com eles e ela a full full time. Disse-me na hora que não tinha muitos estudos e que o filho pequeno tinha problemas de audição. E o despojamento com que o fez levou-me a gostar dessa atitude despachada e descomplexada. Na prática é mãe "solteira" já que o ex-marido não chega a ser pai nem a fingir - nem no amor, nem na comparticipação financeira que nunca chega a dar. Ainda assim, há quatro anos tomou a decisão de adoptar o sobrinho pequeno - uma criança sem pai e cuja mãe, toxicodependente, há muito mostrou ser incapaz. Adoptou-o mesmo, com papéis e, sobretudo, com amor incondicional. Sozinha. E eu admiro-a ainda mais. Ontem, depois de mais de um ano e meio de distância, falámos ao telefone. Mudou de casa e de cidade e de vida - ela e os seus dois amores.
- Então e gajos?, perguntei eu. E ela, que é linda de fazer parar o trânsito, e uma pessoa fantástica, disse-me que, na verdade, nem quer saber disso. Que todos os que conheceu se revelaram mais "ralações" do que relações. Que na verdade está tão feliz e tão realizada e a fazer as coisas como quer que não tem espaço nem tempo para isso. Que não quer ter alguém na vida dela para discutir, porque para isso, mais vale ser como é: feliz com o seu trabalho, os filhos, os amigos. Eu continuo, todos os dias, a admirá-la.

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