Friday 22 January 2010

Princesa

Nasceu há 12 anos, lá em casa e foi companheira de todos os dias. Um elemento da família, com direito a repreensões, mimos e um espaço nos nossos corações. Quem nunca tenha tido animais pode não compreender o espaço e a importância que eles ocupam nas nossas vidas. A minha Princesa tinha o pêlo mais sedoso do mundo e as orelhas mais suaves que possamos imaginar. Estava a ficar velhota e, no entanto, acabou de ser mãe pela primeira vez na vida há duas semanas. Uma mãe extremosa, que durante três dias não deixou os filhos um segundo. E os lambeu satisfeita pelas bolinhas de pêlo que lhe nasceram. Um dia, há uns anos, atirei-me para o meio da estrada, à frente dum carro, para a salvar. Ela estava doente, meia surda e tive de a resgatar in extremis. Depois disso recuperou completamente e parecia, pela vivacidade, uma cadela com metade da sua idade. Ontem eu não estava lá para a resgatar. Deixou órfãos cinco cãezinhos que estamos a tentar salvar. E eu também fiquei um bocadinho órfã dela. Nada substitui o consolo da sua língua quente e a satisfação de cada vez que trocávamos mimos.

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