Tuesday 17 August 2010

O deslocado

Há pessoas que têm o raro dom de conseguir passar a imagem que estão em (quase) todo o lado, que dominam todos os assuntos. Cavaco é o contrário: quer fazer passar a imagem de que, na verdade, não está em lado nenhum. Já o escrevi e repito - sempre que é necessário ouvir-se, temos silêncio. Sobre questões fundamentais, o já habitual "não é oportuno". E depois, sobre o acessório ou sobre matérias que não lhe competem surgem as dissertações. Desadequadas. Cavaco promulga uma lei que equipara os direitos das uniões de facto ao casamento. Respeitando eventualmente uma situação que tem cobertura nos hábitos sociais - as pessoas não casam; juntam-se. E sobre isso só há a dizer que as leis, obviamente, têm de ser um espelho da sociedade.
A questão aqui é o PR dizer que promulga mas... com reservas. Mas alguém quer saber das reservas? Mas está tudo doido? O homem é PR. Ou promulga ou não promulga. Aprovar uma lei com reservas é o mais ridículo que se pode ter. É o gajo a admitir que é o que todos já sabíamos: nim. Nem preto nem branco. Cinzento. Um tipo sem opinião ou, pior, sem coragem para tomar decisões.
E, mais grave, com estas "reservas" quer eventualmente salvaguardar-se. Passar entre pingos de chuva sem se molhar. Cavaco é um erro de casting. Não por ser do PSD. Mas por ser mau. Por querer ser cinzento, a ver se ninguém sabe bem o que ele é e volta a ser eleito.
Sobre ele posso dizer que a vox populi é que o resume bem. Há dias em conversa com um amigo ele falava-me da opinião do pai, ex-cavaquista militante, do alto dos seus 83 anos. "É um falso. Anda aí com o Papa todo sorrisos. E uma semana depois aprova os casamentos dos paneleiros!"
E isto é o que o PR ainda não percebeu: que faça o que fizer nunca vai agradar a todos. E que melhor seria ter espinha dorsal e assumir uma postura recta, de um homem que sabe tomar decisões. Servir a deus e ao diabo é difícil.

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